Porquê você gosta de Aquarela?
A pergunta é frequente e a resposta vem se evoluindo. Na primeira vez que respondi, a pergunta não era bem essa. Não sabia nem o que era aquarela. Queria mesmo era pintar igual ao coleguinha, mas meu lápis não molhava com cuspe. Quem já não molhou a ponta do lápis de cor quando criança? O desenho saia mais bonito que os outros. Minha mãe não entendia isso.
Descobri o lápis de cor aquarelável no primeiro período de Arquitetura. Cirineu de Almeida pediu um estojo da Caran d’Ache mais eu ainda não estava nesse nível. Fiz meus primeiros ensaios ainda com a técnica do cuspe, agora utilizando água. Comprei a rede mais não sabia pescar.
“Não sou Tai mais quero tentar”. Coloquei isso na cabeça na aula de CRIA (Introdução ao processo criativo) com Saida Cunha e Tai Hsuan-Na. A aula era somente uma noção de aquarela onde aprendíamos a dominar a mancha. De lá pra cá venho tentando. Errando e dando a volta por cima. Porque aquarela para mim é como a vida. Feita de manchas. Algumas boas, outras ruins. Viver é saber contornar as manchas ruins e ter a sensibilidade de tirar partido. Acaba virando arte. A arte de viver.
Penso que Lá na frente. Já velhinho a gente, já calejado de errar, erra de propósito. Assim mesmo sem se preocupar. Dar a volta por cima já não é novidade. Aprender errando é muito melhor. E pintar com cuspe é mais bonito!
Alexandre Gonzaga